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Deborah Goldemberg
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Insurgência Crônica

O Facebook é o novo Speaker´s Corner?

Antigamente, havia a praça. Era lá onde as pessoas iam passear para verem, serem vistas e trocarem ideias. Depois, vieram os shopping centers, para o mesmo propósito, só que embalados por compras (ora desnecessárias) e comida industrializada, para o horror dos anticapitalistas. Agora, há o Facebook. É lá onde as pessoas passeiam (virtualmente) para verem, serem vistas e trocarem ideias. Curiosamente, esta praça virtual reúne pessoas de todas as tribos e, agora, está se tornando uma plataforma de expressão de ideias políticas. Praticamente, a nata do pensamento contemporâneo está presente neste fórum, perceberam? Ao menos, é o que me dizem alguns dos que passeiam por lá…

Aparentemente, esse aspecto político do passeio na praça se intensificou depois que postar coisas do tipo “Estou com tédio”, “Bebi demais na noite passada” ou “Saí para comprar envelopes” caíram de moda. Os que ainda arriscam algo mais espontâneo correm o risco de perderem diversos amigos de uma vez só e ninguém quer isso nesta plataforma (seria como alguém virar o rosto para você na praça!).

Então, agora temos pessoas que aspiram a postar “pouco e bom”, palestrantes online com opinião elaborada sobre os principais temas em pauta na sociedade – alta, média e micropolítica. Postam sobre aquecimento global, projetos de compostagem de minhocas e eleições para presidente da República, nada menos.

Isso me faz pensar no Speaker´s Corner, lugar de que os que conhecem Londres já ouviram falar e os outros ficam sabendo agora que é uma esquina do Hyde Park onde qualquer pessoa pode subir em palanques disponibilizados pela Rainha para defender suas ideias. Isso é bem significativo, apesar de hoje o espaço estar sempre tomado por profetas new age ou malucos obsecados por quem matou Kennedy, porque ali não há censura. Foi uma conquista importante da democrática inglesa.

O Facebook, exceto pelas restrições à pornografia (não me lembro se há isso no Speaker´s Corner!), parece estar se tornando isso também – um espaço para as pessoas expressarem suas ideias políticas – com os mesmos méritos e limitações.

Observe as semelhanças. No Speaker´s Corner, uma pessoa fala horas sobre suas ideias para três gatos pingados. No Facebook, uma pessoa passa horas online em troca de três curtidas (ou vinte, o que dá no mesmo!). Muda apenas a moeda: de “gatos pingados” para “curtidas”. Independentemente disso, nos dois cenários, a pessoa que se expressa sente-se o máximo. No Corner, embalada pelo simbolismo do poder dizer, embevecida com o som da própria voz e elevada vários centímetros em relação aos seus parcos ouvintes, a pessoa vivencia a fama. No Facebook, onde ser famoso é como ser rico no Banco Imobiliário, embalados pelo dito poder das redes sociais, encantados pela possibilidade de publicar a palavra escrita instantaneamente, os digitadores de teclados (somos isso, afinal) gozam a cada notificação.

Enquanto isso, as empresas produzem salsichas para serem vendidas nos supermercados onde gerentes ganham uma merreca e, de noite, após devorarmos nossos hot dogs, entramos todos no Facebook para vermos e sermos vistos, trocarmos ideias. Quase sempre, o real sentido das coisas está nítido na sua origem. O Facebook é apenas uma praça, um local de encontro, para vermos, sermos vistos e trocarmos de ideias. Os que esperam dele mais do que isso são como os que esperam iniciar uma revolução na esquina do Speaker´s Corner. Falando nisso… Preciso levar meu cachorro para passear!

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