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Deborah Goldemberg
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Insurgência Crônica

O Brasil fica fora da História ao não homenagear…

Não consigo entender por que a presidente Dilma não pegou o primeiro avião para Paris e fez questão de participar da marcha organizada em homenagem às vítimas do atentado ocorrido na semana passada. Eu mesma, que não represento nem o meu quarteirão, fiquei com a maior vontade do mundo de parcelar uma passagem em doze vezes para vivenciar o momento histórico e respirar os ares da nova era de pensamento sobre as relações do Ocidente com o mundo islâmico que se inaugurou no ato.

Acredito que os que puderam erguer suas plaquinhas de Je Suis Charlie na Praça da República parisiense foram testemunhas da grande virada. Até a semana passada, havia uma divisão entre os “reacionários”, que são contra a imigração de muçulmanos na Europa, e os “liberais”, que os acusavam de Islamofobia. Depois de Charlie Hebdo essa divisão foi transcendida.

Ficou claro para o mundo que há os muçulmanos e os radicais do Islã. E que ninguém quer um radical do Islã vivendo no seu território. Até mesmo o Hamas condenou o atentado e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, esteve presente, mas Dilma não. Escreveu uma nota de três linhas ao Governo Francês e enviou o embaixador para a marcha.

Será que tudo isso é muito distante da realidade brasileira? Que temos problemas mais importantes e iminentes para tratar? Absolutamente não. Pode apostar que, dentro de alguns meses, o Brasil se tornará o último refúgio do pensamento que os radicais do Islã precisam ser mais bem compreendidos. Que o Ocidente não sabe lidar com alteridade e persiste esmagando qualquer tipo de diversidade ideológica. Que os radicais do Islã precisam de ajuda humanitária e não de polícia (talvez, daremos asilo político para alguns deles?). Que eles foram oprimidos durante séculos e treinados pelos americanos durante a Guerra Fria. Sim, essas ideias pertinentes foram debatidas em todo o mundo nas últimas décadas, mas se tornaram obsoletas na semana passada, após Charlie Hebdo.

Os irmãos jihadistas que cometeram o atendado em nome do Estado Islâmico mataram um policial francês que era muçulmano quando ele estava ferido e rendido de mãos para o alto. Aquele policial era também alteridade e ele foi assassinado sem necessidade, lógica ou clemência. Então, como disse muito bem o irmão deste policial: “O meu irmão era muçulmano. Aqueles homens são apenas terroristas”.

Esse episódio mudou o mundo de um dia para o outro. Vivemos num lugar enorme onde as mudanças em geral ocorrem de forma lenta, mas de vez em quando o sol não se põe no mesmo mundo em que nasceu pela manhã. Poeticamente, ainda que brutalmente, tudo se esclarece e reconfigura.

É essa mudança conceitual que eu gostaria de ter celebrado. Mais do que isso, é dessa mudança que eu gostaria de fazer parte, como ser político. Assim, como cidadã, gostaria de ter sido representada pela presidente do meu país neste momento. Gostaria que a liderança do meu país atuasse para chamar atenção da população para essa grande mudança, como quem diz: “Brasileiros e brasileiras, o mundo mudou. O mundo do qual fazemos parte. Repensem suas ideias e teses acadêmicas. O Estado brasileiro o fará”. Não foi assim. Permaneceremos pairando na névoa do ontem.

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