Pular para conteúdo
Deborah Goldemberg
  • Bio
  • Obras
    • LITERATURA
    • LITERATURA INFANTO JUVENIL
    • COLETÂNEAS
    • PODCAST INSURGÊNCIA CRÔNICA
  • Eventos
  • RECEPÇÃO LITERÁRIA●
  • Cinema
  • ConeXões
    • ENTREVISTAS
    • ARTIGOS
    • EDITORAS
    • PARCERIAS
    • CONTATO
  • 🇬🇧
Insurgência Crônica

Crônica sobre a crônica

Uma das coisas engraçadas sobre publicar crônicas é que alguns leitores as levam a sério! Os comentários vêm repletos de opiniões e julgamentos sobre as situações contidas nas crônicas, porém a maior parte delas nunca aconteceu. Eu não tenho um vizinho que foi linchado por lavar a calçada e, apesar de ter tido uns amigos meio porquinhos na faculdade, nem todos os ingleses compartilham a água da banheira com quatro pessoas. São situações extremas, imaginárias ou não, que cabem bem no meu gênero literário favorito – a crônica. Como dizia o mestre: “A crônica não é aguda”.

Então, para os que não sabem exatamente a diferença entre uma crônica, um artigo, um conto ou até um post, eis uma chance de aprender. A crônica é um gênero literário que deriva das cronologias que eram publicadas em jornais ingleses, mas que ganhou popularidade nos trópicos quando os registros das viagens dos grandes “exploradores” foram além de notificar o surgimento de pássaros exóticos e começaram a servir para colher impressões e registrar opiniões. Por ser uma prática cotidiana e semelhante ao diário pessoal, o tom da crônica é o de alguém que fala como quem não quer nada, mas claro que quer…

A informalidade dos textos de crônica faz com que muitos literatos a considerem um gênero literário menor ou nem considere literatura. Para desafiá-los, surgiram os grandes cronistas, como Rubem Braga (o mestre), que fez todos rirem e chorarem. Talvez tenha sido por causa dele que o Brasil tenha se tornado o país da crônica? Sabiam que em nenhum outro lugar do mundo a crônica literária se tornou tão praticada e popular? Talvez porque sejamos um povo que gosta de um bom papo? Talvez porque leiamos mais jornais e blogs do que livros? Não sei ao certo, mas é fato que dia após dia os brasileiros se emocionam com as crônicas.

É isso que se quer com a crônica – emocionar. Sem os recursos de enredos ou personagens, quase sempre a partir de uma situação corriqueira, de repente, surge algo especial, curioso ou destoante. Um mendigo que distribui esmolas ou um casal feliz na hora do rush no Metrô Sé desafia o nosso olhar viciado da vida. Sim, hoje o mendigo age ao contrário do esperado (se isso aconteceu ou não, é irrelevante) e um casal consegue ser feliz esmagado pela multidão do metrô (o que, certamente, não aconteceu!). Esse deslocamento é a origem da crônica. Ao ler algo assim, o fluxo da rotina estanca e o leitor volta a sentir algo primordial – a emoção.

Na próxima vez em que estiver surfando a net e ficar na dúvida se um texto é artigo ou crônica, basta estar consciente do que ele evoca em você. Se é um texto sobre a crise hídrica que aponta as causas do problema e propõe soluções consistentes (ou idiotas) – é artigo. Se é um texto sobre a crise hídrica que tira um sarro da situação e te faz rir do ridículo que nossa vida sem água se tornou – é crônica. Pensamento lógico e linear, postura crítica e construtiva – artigo. Pensamento irregular e descompassos sutis que te envolvem emocionalmente e elevam a questão a outro plano – crônica. Não tem erro. E aí? Artigo ou crônica?

Compartilhe o amor
Do orelhão ao WhatsApp – novas expressões da barbárie humana
Prefácio da autora
Artigo Crônica
1 COMENTÁRIO
  • Maria Angelina Marzochi
    junho 20, 2019 a 11:33 pm
    Responder

    Deborah,

    Sou uma devoradora de crônicas, já gostei do seu blog, vou lendo e apreciando aos poucos. Beijos

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Navegue PelaS crÔnicAs

MeToo Florêncio Casamento Fulni-ô Aldeia Multiétnica Amor Lava-roupa Kalunga Café Indígena Leite Charlie Habdo Facebook Páscoa Office-boys Eremita Ben Gurion Judaísmo Copa Crianças Mentira Guarani Pais Samba Cidades Tempo Divórcio Negócios Palhaço Negro Filhos Beleza Meio-ambiente Escola Lazer Sarah Agricultura Chapada dos Veadeiros Brasil Dança Patriarcado Floresta Lázaro Yawalapiti sobreviver Circo Sorriso Personagem Arte Islã Trânsito Maternidade Pataxó Joaquim Mulher Sexo Liberdade Pessach Biólogos Trabalho Tuxhamarã Família Cachorro Aldo Shabat Férias Minions Marielle Cartas Grito Crônica Artigo Homem Lula WhatsApp Vida
Voltar Ao inÍcio
  • (me mande uma mensagem)
Tema por Colorlib distribuído por WordPress
Scroll Up