Me too (literário)
Sobre o debate das mulheres francesas e americanas e, a propósito, brasileiras, colombianas, nigerianas, cambojanas, cabo-verdianas, guaranis… brancas, negras, indígenas, orientais… ricas, pobres, classe média, classe média baixa, aristocratas… mulheres brancas sem educação formal e negras com doutorados… mulheres anãs, com síndrome de Down, obesas ou anoréxicas… mulheres que trabalham fora e outras que trabalham em casa… mulheres solteiras com filhos e casadas sem filhos e mulheres que deram seus filhos para adoção… mulheres evangélicas, judias, católicas fervorosas ou que pedem ajuda ao pai de santo… mulheres professoras e rebeldes… mulheres empreendedoras e dondocas… mulheres jovens e mulheres de meia idade, da terceira idade e anciãs… mulheres que vivem em prisões e outras que trabalham nos hospitais das prisões… mulheres que desafiam a lei e outras juízas… mulheres presidentas, deputadas, vereadoras… mulheres líderes comunitárias e catadoras de babaçu… mulheres frentistas e motoristas de taxi… mulheres assassinas e mulheres ladras… mulheres que fumam na frente dos filhos e outras alcóolatras… mulheres que jamais fumam na frente dos filhos, mas roubam dinheiro público… mulheres loiras e mulheres ruivas… mulheres que pilotam aviões e outras o fogão… meu Deus, se for para nos dividir, é fácil.
Há centenas de coisas que não temos em comum, mas apenas uma nos une, que é a experiência de ter nascido mulher – uma questão de gênero (não de sexo) – e toda vez que a gente foca no que nos separa a gente perde a chance de superar a opressão contra aquilo que nos une. Como diz Marx, é sobre ter consciência de classe, ou, no caso, de gênero. Dito.