Ressurgência Icamiaba
A Nação Icamiaba, de mulheres que imergiram nas águas e se transformaram nas sereias do rio Tocantins, decidiu viver distante dos homens e dos riscos do amor. Para essas mulheres, as profundezas do rio garantem paz e tranqüilidade e elas só voltam para a superfície para se acasalar e, após o ato sexual, afogam os ribeirinhos e deixam seus corpos à deriva. É um cenário de feminismo exacerbado, ao mesmo tempo idílico e opressivo
Até que a jovem Kianda se apaixona pelo negro Oxum, que está em busca da sua terra prometida, onde outros escravos fugitivos formaram uma comunidade quilombola. Kianda decide deixar seu lar e suas irmãs para se arriscar em um romance terreno, o que a constitui como “fiandeira de uma nova condição feminina, tecendo um novo paradigma sobre o amor”, como diz Janirza Cavalcani em seu prefácio antropológico-literário. Por esta transgressão, Kianda perde sua cauda e a chance de retornar à Nação Icamiaba. Além disso, terá de passar pela prova de sua mais bela irmã tentar seduzir seu amado. O leitor se confronta com final ainda mais inusitado do que as histórias contidas nas páginas de RESSURGÊNCIA ICAMIABA.
Baseada em lendas amazônicas, esta novela discorre sobre os desafios da manutenção do amor em meio às contradições das relações de gênero, tema ainda tão atual, em um contexto com paisagens típicas do norte do País. O livro desenrola sobre assuntos universais de forma simples e incorpora linguagem típica da região norte do país. Com prefácio literário de Douglas Diegues, que retomou o multilinguismo no Século XXI com o seu portuñol selvagem, o misto de português, espanhol e guarani falado nas fronteiras do país, a obra caminha para uma literatura multiétnica e transbrasileira. Nas palavras de Douglas,
RESSURGÊNCIA ICAMIABA é uma “Noubellita afrodisíaca transbrasilera, hay que leerla sem pressa, sem ir enfiando el dedo, leerla como quem muere feliz em los lábios duma yiyi de la rebolucione labial ikamiaba.”
RESSURGÊNCIA ICAMIABA
Selo Demônio Negro, 2009
ISBN 978-859039348-1
72 págs.
Xilogravura: Nireuda Longobardi
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Foto de Johannes Plenio